sábado, 8 de agosto de 2015

A Lista Negra, Jennifer Brown

Livro: A Lista Negra
Autor(a): Jennifer Brown
Paginas: 272
Editora: Gutenberg
Ano: 2014
Sinopse: Abril. Um mês que, inevitavelmente, será sempre lembrado pelo horror de massacres ocorridos em escolas por jovens: 20 de abril de 1999, Columbine, Estados Unidos; 26 de abril de 2002 , Erfurt, Alemanha; 16 de abril de 2007, Virginia Tech, também nos EUA; e 7 de abril de 2011, Realengo, Brasil. Além desses, muitos outros já ocuparam os noticiários do mundo inteiro, chocando pela violência com que jovens assassinam seus próprios colegas. É com um noticiário como esse que o romance A lista negra abre suas páginas. Lançado agora no Brasil pela Editora Gutenberg, a obra Jennifer Brown é uma ficção que mergulha no mundo juvenil repleto por situações marcadas pelo bullying, preconceito e rejeição. Essa é a história de Val e Nick. Eles são dois adolescentes que se conhecem no primeiro ano do ensino médio e se identificam de imediato. Val convive com pais ausentes, que brigam o tempo todo e só criticam suas roupas e atitudes. Nick tem uma mãe divorciada que vive em bares atrás de novos namorados. Os dois são alvo de bullying por parte de seus colegas do Colégio Garvin. Nick apanha dos atletas e Val sofre com os apelidos dados pelas meninas bonitas e populares. Ambos compartilham suas angústias num caderno com o nome de todos e tudo que odeiam, criando um oásis, um local de fuga, um momento de desabafo, pelo menos para Val. Já Nick não encara a lista e os comentários como uma simples piada. Há alguns meses, ele abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola. Atingida ao tentar detê-lo, Valerie também acaba salvando a vida de uma colega que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou a criar. A lista das pessoas e das coisas que ela e Nick odiavam. A lista que ele usou para escolher seus alvos.

Resenha

Há anos vejo noticiários relatando alguns massacres/tiroteios em escolas, boa parte deles nos Estados Unidos – mas isso não quer dizer que só acontece nesse país –. Porém, nunca havia parado para analisar os fatos, angústias ou os porquês que podem explicar ou desmembrar os pensamentos de uma pessoa que faz parte disso, seja com uma relação direta ou indireta

Quando você tem 16 anos de idade nunca imagina que irá passar por um trauma que vai te devastar e te deixar em dúvida se você foi a vilã ou heroína. Nem Valarie imaginou isso, nunca parou para pensar que uma simples “Lista Negra” com os nomes das BVMR, Barbies Vacas Magrelas e Riquinhas do Colégio Garvin poderia transformar a sua vida em um pesadelo sem fim. 

“Chorei até meu estômago começar a doer. Tive certeza de que iria vomitar. Meus olhos pareciam estar cheios de arei e meu nariz estava completamente entupido. Mesmo assim, chorei mais um pouco. Não sei dizer o que se passava na minha cabeça enquanto chorava, apenas que tudo parecia, ao mesmo tempo, melancólico, escuro, detestável, infeliz e miserável.”

A vida de Valarie e Nick no Colégio Garvin não era nada fácil. Eles não passavam um dia sem sofrer com (bullying) os insultos, ou humilhações feitas pelos chamados “populares”. Mas no final do dia, eles compartilhavam a companhia um do outro, o que começou com uma amizade, acabara virando um namoro. 

Nick era um verdadeiro oposto da maioria dos habitantes da pequena cidade de Garvin, não morava em uma casa exuberante, usava tênis surrados, roupas velhas e amarrotadas, além de odiar álgebra e amar livros de Shakespeare, Nick tinha um jeito “descolado” de ser. 

No dia 3 de maio de 2008 todo o mundo de Valarie foi destruído. Seu dia começou meramente normal, um mp3 quebrado, conversas com os amigos na quadra da escola e um abraço – seguro – do seu namorado. No entanto essa “normalidade” foi interrompida quando Nick dissera que as pessoas que os magoaram ou haviam feito algo para eles iriam pagar, e assim começou o tiroteio que tirou sua própria vida.



Dr. Hieler foi sem dúvida um dos personagens que eu mais gostei e admirei, ele nunca disse que Valarie estava certa ou errada, nunca tentou impor nada e o mais importante, nunca se referiu como o dono da verdade. Sou um pouco suspeita para falar, mas fiquei fascinada pela forma como a terapia dele é conduzida, um ambiente calmo e aconchegante,  deixando o paciente relaxado para falar sobre seus medos, seu passado, seus traumas e o leva a pensar em um futuro. 

Jennifer Brown, narrou A Lista Negra de forma fácil, ao passo que a  história não é nenhum pouco. Ela deixa claro que casos de bullying em escolas acabaram se tornaram algo tão normal, que elas acabam sendo displicentes em muitos casos e não dão a verdadeira atenção aos alunos que sofrem com isso. Mas que uma dor física, Valerie passa por um processo de cura emocional, no entanto ela não é a única, a família, os amigos e toda a escola também têm que lidar com essas questões. 

Não é fácil acompanhar o dia em que ela volta à escola, seus maiores medos e as inseguranças estão todos nesse local, tendo que enfrentar os olhares e julgamentos. Valerie pode ter sido baleada durante o tiroteio, porém nenhuma dor física pode ser comparada com a emocional. Foram dias de lembranças de algo que ela não poderá ter novamente, mas não tenha duvida, ela faria o possível para resgatar se tivesse oportunidade. Eu nunca havia lido algo parecido, não poderia nem se quer imaginar tudo isso. Eu sofri junto com a protagonista, todas as emoções transmitidas por ela foram as minhas. Val passou por momentos que dilaceram o seu coração e a fizeram ter raiva de tudo   ̶  e de todos  ̶ , o silêncio que tanto almejava foi roubado

                                                                                                                                                Nota:                                         


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